Engraçado como ao final de todo ano você escuta e até mesmo repete aquela famosa frase: “Uau, como o ano passou rápido!?” Será mesmo? Será que foi o ano que passou rápido ou chega o momento em que a ficha cai de que tínhamos uma lista de coisas para fazer e não concluímos? Talvez você se dê conta de que não chegou nem na metade do que gostaria. Então, há poucos dias para encerrar mais um ano a impressão nesse momento seja mesmo de que faltou tempo para realizar tudo que gostaria e a melhor justificativa seja de que o ano passou rápido demais.  

Fiquei pensando sobre isso ao olhar novamente para minha lista de desejos 2020, mas tive uma sensação de que ela está extremamente atual e foi um susto, porque a grande questão é que muito provável eu a reescreveria para 2023. Mas afinal o que isso significa? Será que meus desejos eram tão gerais que no final das contas mesmo que tivesse realizado, sempre tem algo a se fazer? Ou será que eu não fiz nada do que desejei há três anos? Caramba, se foi assim, o que eu realmente fiz ao longo desses últimos anos?

Então parei e resolvi abrir o jogo, ou melhor, abrir a minha lista de desejos 2020 e tentar entender o que realmente aconteceu. Pra isso, vamos começar do começo: a construção da lista.

A lista foi escrita em 30 de dezembro 2019 com 15 pontos que considerava fundamentais de serem realizados em 2020. Acredite, ela não foi esquecida numa gaveta, muito pelo contrário, como era pra ser realmente executada passou todos esses anos colada num armário entre o meu quarto e o espaço de trabalho. Passei por ela centenas de milhares de vezes, olhei pra ela pelo menos a metade dessas vezes e reli todos os itens em boa parte desses momentos. O objetivo era sem nenhuma dúvida executá-la.  

Mas como pode continuar atual para 2023?  O jeito mesmo é olhar cada ponto da lista.

1 – Confiar mais em mim! Pessoal e profissionalmente!

Fico pensando porque esse foi o primeiro item da lista e sei bem a razão: uma baixa autoestima, refletida numa mulher que até então precisava o tempo todo provar seu valor, sua capacidade, sua força. Uma mulher que se sentiu por anos menor do que era e quando não, se reduzia pra caber nos pequenos espaços oferecidos.

E o que aconteceu?

Uma evolução profissional incrível. Uma confiança enorme na minha capacidade de criar, produzir e realizar baseada em muita entrega, comprometimento, profissionalismo, estudo e muita prática.

No que diz respeito a evolução pessoal não foi diferente. Aprendi a silenciar minha mente, conhecer e ouvir meu corpo, valorizar minhas vitórias, respeitar meus limites e perdoar minhas falhas.

Hoje confio muito mais nas minhas potencialidades e na minha capacidade de fazer acontecer! 

2 – Escrever! Escrever!

Se tem uma coisa que eu amo fazer e faço muito pouco, muito menos do que gostaria é escrever. Quando escrevo converso comigo mesma, vejo as coisas com muito mais clareza, consigo significar aquilo que parecia tão confuso. Escrever desembaraça meus pensamentos, alivia o peso e abre espaço pra ventilar.

Nesses três anos não consegui escrever o quanto gostaria, na verdade não cheguei nem perto da metade desse desejo. Tenho consciência de que preciso me organizar para que de um desejo passe a ser uma prática cotidiana. Engraçado, enquanto escrevo isso me vem a relação interdependente entre meus desejos, o não cumprimento desse ponto com certeza afetou diretamente outros estabelecidos.

Siga a lista e faça as conexões.

3 – Ser feliz com a minha companhia!

Nasci numa família grande, muitos tios, primos. Somos quatro irmãos. Tenho três filhas, cachorro, casa sempre de portas abertas e muito feliz com a presença dos amigos das filhas. Sou naturalmente agitada, falo alto e gosto de gargalhar. Amo estar entre as pessoas. Meu maior desafio era estar comigo mesma, o que muitas vezes me assustava e confundia com solidão. Ah, como aprendi a aproveitar e gostar de estar comigo. 

Aprendi e tornou-se rotina abrir uma garrafa de vinho e curtir, sozinha. Cozinhar e arrumar uma bela mesa, pra mim. Assistir um bom filme, às vezes nem tão bom assim…rs, sozinha! Pela primeira vez organizei e viajei sozinha a passeio, o que a trabalho já era rotina, mas escolhi um destino, programei passeios e me dei de presente a minha própria companhia. Foi incrível!

Continuo me conhecendo e consequentemente me fazendo mais feliz, tudo bem que nem sempre eu consigo, mas hoje eu sei e valorizo os meus momentos e tem sido uma viagem e tanto!

4 – Conhecer pessoas inteligentes e de bem com a vida!

Se tem uma coisa que eu gosto mais de fazer do que escrever, é falar…rs. Nesses últimos anos tive a alegria e o privilégio de me conectar com pessoas do Brasil todo, como aprendi com essas pessoas, como me inspirei e me renovei a cada encontro. Voltei a acreditar na capacidade de amar, de colaborar e de construir junto.

Pessoas de bom humor, sorriso largo e fácil, pé no chão e mãos prontas para fazer acontecer. Tudo bem, não são todas assim, tiveram aquelas que me fizeram desacreditar na humanidade por um momento, infelizmente sempre tem, aquelas que colocaram um palavrão (mais que um eu confesso) em minha boca, tiraram minha vontade de fazer ou me deixaram com muita dúvida se estava no caminho certo. 

Sim, essas pessoas sempre vão estar lá, mas aprendi que elas são a exceção, não podem ser meu foco, não é pra elas e muito menos por elas que eu me levanto e batalho todo dia. 

Tem gente muito boa do meu lado, me dando a mão e fazendo junto comigo, então sim, essas são as pessoas mais inteligentes e de bem com a vida que eu poderia desejar encontrar.

5 – Viver um novo amor (ou alguns)!

Esse com certeza é um ponto que precisa ser mais bem alinhado no que diz respeito a escrita do desejo, rs. Aprendi nos últimos anos que desejos precisam ser muito bem especificados, claros e objetivos, porque sim, eles são ouvidos e com trabalho, foco, vários outros elementos e uma boa dose de sorte, eles com certeza são atendidos.

Vivi alguns amores. Diferentes em seus contextos, dimensões, profundidades, tempo, mas não deixei de buscar encontrar esse amor ou esses amores que cruzaram o meu caminho. Nesses três anos, tive amor de um encontro só, que compensou cada hora vivida. Amor de três meses que espero nunca mais reencontrar. Amor de dois encontros, o bastante para deixar de desejar. Amor que teimou em durar muito mais do que deveria, daqueles que já nem era mais amor e a gente teima em insistir, sabe? 

Mas teve amor que virou amizade e também amizade que virou um louco amor. Daqueles que explode no corpo, faz a gente perder a respiração, volta no tempo quando fecha os olhos, sente o cheiro da pessoa mesmo sem ela estar por perto e ignora qualquer tipo de razão.

Sim, vivi muito mais do que um amor. Mergulhei numa história e dei de cara comigo mesma, foi lindo! Saí transformada, inundada, refeita, sedenta de prazer e de vida. Transbordei. Amei. Sofri. Renasci e sigo na travessia.

6 – Viajar mais!

Basta relembrar o que vivemos ao longo de 2020/2021 em plena pandemia que esse desejo logo se acomoda muito bem sem nenhum sentimento de conquista ou de falha, mas tudo dentro das possibilidades, limites e descobertas de um novo jeito de estar com as pessoas e em diferentes lugares. Redescobri lugares mais próximos, aproveitei mais a minha casa e me deliciei com o pôr-do-sol em diferentes ângulos ao lado das pessoas mais importantes da minha vida.

Talvez tenha viajado menos, bem menos do que o desejado, mas estive em um lugar que muito pouco havia estado por tanto tempo: dentro de mim. Sem dúvida essa foi e tem sido a melhor viagem de todas.

7 – Escrever! Escrever!

Não. Eu não errei. Esse ponto já apareceu logo no início da lista e se repete. A intenção era mesmo realizar e não perder de vista era uma estratégia, mas percebi que repetir não garantiu a sua realização. Poderia ter colocado dez vezes na lista, sem me organizar para realizá-lo ou ter total consciência da sua prioridade, jamais se realizaria. 

Realmente não consegui cumprir esse desejo, mas me sinto extremamente feliz em estar neste momento escrevendo e compartilhando sobre tudo isso. 

E vai ficando cada vez mais evidente essa conexão entre os desejos. 

8 – Ir em festas!

Bem, se viajar foi desafiante nos últimos anos, imagine ir em festas?! Rs. A escrita desse desejo por um momento me pareceu um tanto inusitada. Não sou festeira, nunca fui, acredito que a ideia era mesmo estar com pessoas, me divertir, rir e com toda certeza o desejo seguinte me parece ser a grande razão da escrita deste. Dançar.

Não fui em muitas festas, pouquíssimas eu diria, mas em 2022 fui a alguns shows o que permitiu realizar boa parte deste e do próximo desejo. 

9 – Dançar! Dançar!

A conexão entre os desejos fica cada vez mais evidente. Eu amo dançar. Sou capaz de passar a noite toda dançando, como já fiz muitas vezes e esse é um desejo que se renova em 2023 com muita força e energia.

Dançar liberta, traz leveza, não tem jeito certo ou errado. O corpo se move com a música que invade, me faz flutuar, exorciza meus demônios, me transporta para outras dimensões. Dançar é permitir estar onde seu corpo conseguir te levar. Dançar é alegria. É festa!

Sim, desejo dançar muito mais do que consegui nesses últimos anos. Desejo dançar sozinha, acompanhada, com muitos, com poucos, não importa, desejo estar nesse estado de êxtase que a dança promove.

10 – Trabalhar no que eu gosto e com quem eu gosto!

Pra descrever o que aconteceu nesse desejo precisei reler o primeiro e o quarto da lista pra relembrar o quanto eles foram se entrelaçando cada vez mais ao longo desses últimos anos. Quanto mais me reconhecia como uma profissional extremamente boa naquilo que eu acredito, faço e pela qual trabalho com tamanha doação e total entrega, foi ficando mais claro o que me enche de tesão ao fazer e principalmente, quem vale muito a pena ter ao meu lado nesse fazer coletivo.

Quanta gente boa se juntou. Quantos caminhos novos se abriram. Quanto aprendizado e evolução tivemos juntos e juntas. A consciência de quem eu sou hoje e do que sou capaz de fazer ampliou em muitos aspectos o entendimento do porque eu escolho todos os dias o caminho que percorro. Reconheço, respeito, admiro e agradeço tanta gente incrível que colaborou ao longo desses anos nessa jornada.

Ainda temos um longo caminho pela frente, mas ninguém está sozinho. Tenho uma sensação boa no coração e na alma de que o fazer só faz sentido porque essas pessoas cruzaram pela minha vida e continuam chegando novas, se acomodando e me refazendo.

11 – Ganhar dinheiro!

Como diz a música “Amor pra recomeçar” do Frejat: 

“…Eu desejo que você ganhe dinheiro
Pois é preciso viver também
E que você diga a ele, pelo menos uma vez
Quem é mesmo o dono de quem…”

Tenho muito claro que o reconhecimento da profissional que me tornei ao longo desses anos, não foi apenas pessoal, foi inclusive por parte das instituições e empresas para as quais tive a alegria de poder trabalhar em parceria. A cada convite feito para um novo trabalho percebia a valorização das minhas entregas e o reconhecimento financeiro sendo considerado. 

Importante lembrar que este não se trata de um desejo daqueles que a gente faz numa roda de conversa com os amigos ou numa mesa de bar, do tipo: “quem sabe esse ano a gente vira herdeira!”, mas se o universo conspirar pra isso a gente aceita e agradece! Rsrs. Trata-se de fato do quanto vale o nosso esforço, a história da nossa caminhada, os estudos e práticas vivenciados ao longo desse caminho. 

Os últimos anos não foram nada fáceis para a maioria dos profissionais atuantes em algumas áreas entre elas a educação, que foram totalmente excluídas e negligenciadas pelo governo que se despede (e vai tarde!). Não faltou trabalho e só tenho a agradecer, mas manter uma pequena empresa com a carga de impostos e as despesas de uma casa, não foi para amadores. 

Desejo que nos próximos anos tenhamos uma economia muito mais justa, solidária e inclusiva! Desejo que possamos ganhar dinheiro que compense os nossos esforços, que mantenha nossas famílias bem alimentadas e com direito à moradia garantido.  

Esse jamais pode ser um desejo individual. De que adianta querer ganhar dinheiro e viver bem num país onde milhões passam fome? Esse desejo precisa e deve ser coletivo. 

Precisamos virar esse jogo! 

12 – Rir muito com as meninas (MaNaKa)!

Nos últimos dias percebi que basta olhar para essas meninas, que se tornaram mulheres incríveis que tenho vontade de sorrir e de agradecer: “puxa-vida como eu sou uma mulher de sorte!” Elas me fizeram muito mais do que rir ao longo desses últimos anos, me deram colo, foram meu ponto de partida e de chegada nos melhores e nos piores dias.

Com o passar do tempo ficou mais evidente as diferenças entre elas, são únicas. Suas singularidades fazem conexão entre elas, as torna sem tamanho. Elas iluminam minha vida, me preenchem de um amor infinitamente poderoso e generoso. Não tem amor que se compare. Não tem alegria que caiba em um espaço quando estão juntas. Só de lembrar delas juntas meu coração aquece e o sorriso preenchem meu rosto. Elas se conectam, se fortalecem, ganham personalidade, potência e vida.

As minhas melhores risadas ao longo dessa vida foram com elas e pra elas. Não temos o menor sentido sozinhas. Somos quem somos, porque somos juntas.

13 – Ter saúde! Fazer Pilates!

Com o tempo fui aprendendo que cuidar do corpo, da mente e do coração não podem ter tratamentos em degraus de importância diferenciados, todos devem ser prioridade.

Nesses últimos anos o pilates tomou seu lugar de honra na minha vida, me dando prazer, alegria, me ajudando a me conhecer, a ultrapassar meus limites. Os momentos no pilates foram os “meus” momentos. Telefone desligado, nenhuma resposta pra ninguém, era sempre a hora de cuidar de mim e de me sentir. Como tenho sentido falta nesses últimos dias, meu corpo pede pelo pilates, mas o momento é de pausa.

E o desejo a seguir ampliou o cuidar do corpo, lá vem as relações.

14 – Aprender mais sobre o que me faz feliz!

Como seria possível dar conta desse desejo se não fosse me conhecendo mais?

Esse foi o ano em que a terapia entrou na minha vida. No início com um propósito de preparar a chegada dos 50 anos em 2023, mas hoje sei bem que veio pra me ajudar a arrumar essa casa interna, a ser melhor comigo mesma e com a vida que me rodeia. 

A terapia completa a tríade do autocuidado, do autoamor, daquela autoestima tão judiada no início dessa lista, que aos poucos se cura, se transforma e se fortalece. Só assim sou capaz de descobrir e aprender sobre o que me faz mais feliz.

15 – Ter o melhor ano da minha vida!

O último desejo da lista. 

Pois bem, de longe 2020 não foi o ano mais feliz da minha vida. 2021? Também não deu conta de subir nesse pódio. E o que dizer de 2022? Rs. 

Esses anos foram de muita superação e de imensos aprendizados. Eles me sacudiram, tiraram do meu lugar comum, mostraram outros caminhos, possibilidades. Trouxeram dor, amor, felicidade, tristeza, sabedoria.

Podem não ter sido como o desejado, como prescrito na lista de desejos, mas foram incríveis! Tive medo de não dar conta, medo de falhar, medo de não cumprir com as expectativas dos outros e até as minhas, comigo mesma, mas encarei e sobrevivi.

Outro dia conversando com minhas meninas mulheres, sempre temos ótimas conversas, opinei sobre o que faria em uma situação um pouco inusitada que estava em pauta e eu disse: “Se fosse eu, pagaria pra ver, não sairia antes de entrar. Se desse errado? Eu sairia. Mas pelo menos eu teria tentado.”

Bem, se você conseguiu chegar até o final desse texto eu vou te contar uma descoberta enquanto escrevia. “Minha lista de desejos 2023 não será a mesma de 2020”. Tem tanta coisa que eu já posso mudar, melhorar, eliminar, porque no fim eu entendi que essa mulher prestes a entrar 2023 está muito, muito diferente da mulher que encarou 2020.

Quer saber como será a minha lista nova? 

Te conto no próximo texto, mas uma coisa é certa: 2023 será o melhor ano da minha vida!

Pode apostar que sim e a gente se encontra lá.

Olá, como podemos ajudar?